Fonte – Sinpro SP
Ao divulgar as médias do Enem 2014 por escolas (5/8), o Inep incorporou dois novos indicadores que permitem avaliar e comparar melhor os resultados. Trata-se da “taxa de rendimento escolar” e do “indicador de permanência na escola”.
No ano passado, o Inep já havia incorporado outros dois indicadores: o de “formação docente” e o de “nível socioeconômico”. É uma tentativa de criar novos parâmetros de comparação entre as escolas e relativizar o impacto do ranking baseado nas médias.
Iniciada em 2006, a publicação dos resultados do Enem por escolas acabou por produzir uma fábrica de rankings com forte apelo midiático. Muitas escolas passaram a competir entre si fazendo uso de estratégias duvidosas para sair bem na lista. Até então, apenas as escolas e os alunos participantes recebiam a sua média.
Rendimento escolar e permanência na escola
A “taxa de rendimento escolar” corresponde às taxas de aprovação, reprovação e abandono, informados pelas escolas no Censo Escolar. O “indicador de permanência na escola” revela o percentual de estudantes que cursaram todo o ensino médio na escola em que estudavam quando fizeram a prova.
Esse “indicador de permanência” acabou expondo as escolas que inscrevem apenas alunos com alto rendimento para elevar a média e figurar entre os primeiros colocados. Isso também pode explicar porque, entre os primeiros lugares, há tanta oscilação de um ano para outro.
Entre as dez primeiras colocadas no ranking, apenas uma escola teve a taxa de permanência superior a 80%, ou seja, mais de 80% de seus alunos fizeram todo o ensino médio na instituição. Em cinco delas, a taxa é inferior a 20%.
A receita é conhecida. Essas escolas criam empresas que funcionam como “unidades premium”, com poucos alunos de alto rendimento. Os “mortais” (a maioria para os quais damos aulas) permanecem na antiga unidade.
O Colégio Objetivo, por exemplo, ocupa simultaneamente o 1º e o 608º lugar. Na unidade onde é primeira colocada, apenas 42 alunos fizeram a prova.
Na internet, uma aluna do Colégio Olimpo Integral – 3º lugar no ranking – acusa a escola de tê-la inscrita no Enem pelo Colégio Olimpo de Anápolis. E os melhores alunos das outras unidades fizeram a prova pelo Olimpo Integral.
Outro indicador importante é o de “formação docente”, que começou a ser divulgado no ano passado. O Inep classifica 5 categorias: 1) professor com licenciatura em nível superior e que leciona a disciplina para a qual está habilitado ou é bacharel com complementação pedagógica; 2) bacharel sem licenciatura, nem complementação; 3) professor licenciado que leciona em outra disciplina ou, sendo bacharel, possui complementação pedagógica em área diferente para a qual leciona; 4) professor com outra formação de nível superior; 5) professor sem cursos superior completo.
O cruzamento de dados permite avaliar que as escolas onde há um corpo docente mais qualificado, as notas médias tendem a ser maiores