Por Beth Koike | De São Paulo
Após um primeiro trimestre com resultados acima das projeções do mercado, a Kroton estima fechar o ano com um lucro líquido ajustado de R$ 1,8 bilhão, o que representa um aumento de 7,7% sobre 2015. A rentabilidade é, mais uma vez, o destaque no desempenho da companhia. A variação esperada no resultado final é superior a de outros indicadores como da receita líquida, cuja expansão será de apenas 1,4% para R$ 5 bilhões, e do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado que deve aumentar 5,9% atingindo R$ 2,2 bilhões em dezembro deste ano.
Com um caixa mais robusto neste primeiro semestre, devido à entrada de cerca de R$ 1 bilhão em títulos do Fies, R$ 400 milhões da primeira parcela da venda da Uniasselvi e geração de caixa operacional, a Kroton tem como prioridade fazer aquisições. “Ainda há muito espaço para aquisições. Gostamos e sabemos jogar esse jogo. Na alocação de capital, a prioridade são as aquisições”, disse Rodrigo Galindo, presidente da Kroton. A preferência é por instituições de ensino presencial. A expansão orgânica está mais complexa no cenário atual, de recessão e menor oferta de crédito estudantil do governo, o Fies. Além disso, a Kroton tem restrições para ampliar suas operações no ensino a distância devido a regras do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Em março, a Kroton detinha entre caixa e aplicações financeiras cerca de R$ 575 milhões, alta de 42,3% em relação a um ano antes.
O diretor de relações com os investidores da Kroton, Carlos Lazar, pontuou que os planos de aquisição não mudam com a política de distribuição de dividendos, que aumentou de 25% para 35%. Ontem, a Kroton informou que pagará quase R$ 200 milhões em dividendos aos acionistas. Os recursos do caixa também podem ser usados em recompra de ações.
Nos três primeiros meses deste ano, a Kroton apurou uma receita líquida de R$ 1,3 bilhão, uma queda de 1,5% em relação ao mesmo período de 2015. Essa retração é reflexo da redução no tamanho do Fies e da deterioração da economia, mas ainda assim, as margens avançaram. O lucro líquido subiu 11% para R$ 506 milhões e a margem desse indicador aumentou 4,5 pontos percentuais para 39,9%.
Já a margem Ebitda ajustada teve um crescimento de 6 pontos percentuais, para 57,8%. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado cresceu 10% para R$ 606,7 milhões. O aumento nas margens foi reflexo de uma forte redução nos custos e despesas administrativas que caíram cerca de 14%.
O projeto de reestruturação da Kroton envolve ainda a LFG, escola de cursos preparatórios para concursos e exames que pertencia à Anhanguera. Essa reestruturação, que começou em janeiro de 2015, deve durar mais um ano e meio. “Foi feito um alinhamento nos contratos de franquia da LFG. Houve queda de receita, mas a margem melhorou”, disse Galindo. Ele informou ainda que a LFG está passando por uma fase de digitalização, ou seja, com mais aulas on-line. Questionado se há planos de vender a LFG, Galindo disse apenas que “faz sentido manter esse ativo reestruturado”.