As demissões de professores da Anhanguera e o tratamento dado pela IES aos profissionais e estudantes foram denunciadas, em 08/02, na Assembleia Legislativa de São Paulo. Professores, alunos e dirigentes sindicais estiveram reunidos no evento, convocado pelo deputado Carlos Giannazi (PSOL).
Em dezembro, o grupo Anhanguera demitiu quase 1.600 professores, muitos deles com título de mestre ou doutor. No ABC, onde demitiu 406 profissionais, a empresa é alvo de apuração de possível monopólio pelo Ministério da Fazenda.
“Quais os objetivos desse grupo estrangeiro para a educação brasileira? A faculdade não veio aqui, onde poderia mostrar o que quer para os alunos”, declarou Celso Napolitano, presidente da Fepesp.
“Primeiro, eles demitiram os titulados, depois, reduzem o valor da hora-aula e a ‘meta’ é reduzir a carga horária dos que ficaram,” desabafou Pedro Godoy, professor que atua no ABC. O relato dele foi acompanhado de outros que questionam o ‘projeto pedagógico’ das faculdades e a atuação do MEC, que tem a obrigação de fiscalizar.
Estiveram presentes representantes de pelo menos quatro regiões onde a Anhanguera atua: Guarulhos, São Paulo, Sorocaba e ABC. Somente nestas unidades, 937 docentes foram demitidos, segundo levantamento da Fepesp e sindicatos.
A demissão em massa da empresa atingiu outros estados como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. As homologações dos demitidos nos sindicatos começa a mostrar que as dispensas atingiram muitos docentes com mestrado ou doutorado, ao contrário do que disseram os empresários do grupo educacional.
Diante das manifestações, o deputado Giannazi diz que tomará as seguintes providências:
- enviar requerimento de informações ao MEC que relata a gravidade da situação;
- levar as denúncias ao Ministério Público do Trabalho;
- fazer pronunciamento no plenário da Assembleia;
- levar caso à Comissão de Educação;
- enviar denúncias para o CADE (Conselho Administrativo de Direito Econômico), do governo federal;
O parlamentar não descartou a hipótese de acionar também a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. “As faculdades privadas não podem afrontar a LDB e a legislação trabalhista. Quero saber se o MEC vai lavar as mãos desta vez”, disse.Estudantes
A audiência também com os alunos da Anhanguera, que trouxeram os problemas enfrentados. “O Programa de Avaliação Institucional – PAI – só serve para verificar se a ‘linha ideológica’ da direção é cumprida pelos professores. Além disso, eles deram um jeito de acabar com a quarta aula no noturno”, argumenta Kátia Sales.
Ela estuda em Taboão da Serra, com 50% custeado pelo ProUni e a outra metade pelo Fies. Outras histórias do sofrimentos dos estudantes estão na página do Reclame aqui.Luíza Lafetá, diretora da UNE, lembrou que o projeto do Plano Nacional de Educação proposto pelo governo não abrange o ensino privado e prometeu que a entidade fará atos públicos em relação às unidades da Anhanguera em 28/02.
FONTE: FEPESP