O Sindicato dos Professores de Indaiatuba, Salto e Itu acreditava que a perseguição política por motivo de opinião havia terminado, com a instauração do período democrático marcado pela Constituição de 1988.
Infelizmente, em pleno século 21, a ‘caça às bruxas’ continua.
Na cidade de Indaiatuba, um professor de História e Sociologia foi demitido do Colégio Candelária, em 6 de abril, por manifestar sua opinião política e por postagens de mesma natureza nas redes sociais.
Segundo explica o próprio docente Paulo Cesar Ramos, houve assédio por parte de seu empregador após se posicionar no Facebook contra a condução coercitiva do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, em 4 de março, para prestar depoimento na 24a Fase da Operação Lava Jato: “A coordenadoria me chamou demonstrando preocupação sobre ‘minha postura em sala de aula’, sugerindo que eu não apresentasse aos alunos todas as formas do pensar político e econômico, e que eu ‘me preservasse’ quanto às minhas postagens e diálogos no Facebook; disse que minhas posições pessoais vinham sendo objeto de reclamações dos alunos e dos pais”.
O assédio moral e a perseguição política continuaram e o professor relatou também o momento de maior pressão: “No dia 18 de março, dia da mobilização contra o impeachment e em que vários alunos foram à escola vestidos de preto, ministrei uma aula sobre violência urbana (que foi elogiada por alunos via inbox do Facebook); neste mesmo dia, um dos alunos, in off, disse que existia uma movimentação de um grupo de alunos contra mim”.
Após esse episódio, o docente foi desligado dos quadros da escola, sem qualquer explicação. Note-se que no início do ano a instituição tinha atribuído ao docente um número maior de aulas do que as que o professor vinha ministrando, pelo que, resta evidente que até então era reconhecido como um bom profissional e vinha sendo valorizado pela instituição.
A Federação dos Professores do Estado de São Paulo (Fepesp) e os 26 Sindicatos integrantes repudiam a atitude da Coordenação do Colégio Candelária, desde a abordagem inicial ao docente até a demissão do professor. Não houve de fato nenhum motivo, a não ser político, para o desligamento do professor.
O Sinpro Vales, com apoio total da Federação, vem desenvolvendo uma série de atividades no sentido de reverter o ocorrido. Inclusive, agendou uma reunião com a Direção da instituição, em que espera que a escola reveja a dispensa, uma vez que é próprio da educação ensinar o diálogo entre os diferentes.
Caso não surta o efeito desejado, o Sindicato partirá para outras medidas, desenvolvendo uma ampla campanha e, se possível, até mesmo uma ação judicial contra tal absurdo.
A Fepesp e os Sindicatos integrantes de sua base acreditam que a expressão de opinião faz parte da vivência democrática e a diversidade política e cultural só fortalece a sociedade em que vivemos. Sofremos durante anos obscuros do nosso passado e não podemos nem deixaremos que professores e professoras passem pelo mesmo pesadelo.
Para ter acesso a nota completa do docente, clique aqui.